

Durou pouco: Industria fonográfica volta a pressionar por um novo SOPA
Por Carlos Morimoto
A indústria fonográfica é um bom exemplo de como negócios que falham em se adaptar às mudanças no ecossistema podem vir a encolher ou mesmo desaparecer. Inicialmente, insistiram no ultrapassado formato de vendas de CDs. Quando ninguém mais queria comprar CDs, acabaram abraçando o modelo de música online, mas agora precisam correr atrás de uma outra ameaça: o enorme volume de usuários que cresceu em uma época em que a única forma de obter música digital era baixando através de serviços de compartilhamento, que aprendeu a manter grandes bibliotecas de músicas (inviáveis de se comprar a um preço de US$ 0.99 por faixa) e que agora continuam a baixar as músicas em vez de comprá-las. Serviços "self-service" baseados em assinaturas mensais já existem aos montes, mas eles são ainda em sua maioria baseados em catálogos limitados, e a mensalidade costuma ser a primeira coisa a ser cortada quando o cinto aperta.
Existem muitos pontos a se considerar neste caso, começando pela qualidade de muitas das bandas que estão agora chegando ao mercado. O Digital Music Report de 2012 (PDF), publicado pelo IFPI, organização que responde por muito do lobby realizado pela indústria fonográfica, mostra uma lista de grupos mais populares que não adiciona muito ao progresso intelectual ou cultural da humanidade:
Vendo esta lista, uma questão que surge é que talvez muitos não querem pagar pela música simplesmente por que ela não tem mais muito valor, tendo se tornando uma forma barata de entretenimento, assim como muitos shows de auditório que passam no horário da tarde. Muito do que o público de melhor nível cultural ouve são bandas de outras épocas, que atualmente rendem dinheiro apenas para os detentores de direitos autorais. Talvez fosse realmente melhor que todos parassem de comprar música das grandes gravadoras, o que forçaria a entrada de gravadoras menores e artistas independentes, possivelmente com uma qualidade melhor.
De qualquer forma, voltando ao tema central da notícia, o relatório oferece vários insights sobre as intenções do cartel da indústria fonográfica para os próximos meses. Em resumo, perderam a batalha do SOPA, mas pretendem levar a guerra do lobby adiante, propondo uma série ainda mais draconiana de medidas para parar a pirataria:
1 - A indústria deveria ganhar o direito de enviar avisos de infração de diretios autorais a suspeitos e desconectá-los (ou aplicar outras punições), com a cooperação dos provedores de acesso. O mesmo seria imposto aos operadores móveis, já que hoje em dia muita gente baixa usando smartphones e conexões 3G.
2 - Moderação dos mecanismos de busca, com o Google, Bing, etc. deixando de exibir links para conteúdo pirateado e priorizando sites oficiais e lojas de conteúdo nos resultados de pesquisa.
3 - Bloqueio de sites a pedido da indústria (através de bloqueio de DNS ou outra técnica similar), impedindo que usuários de países onde ela atua possam acessar listas de sites considerados infratores, similar ao advogado pelo SOPA.
4 - Redes de anunciantes devem parar de fornecer fundos a sites infratores, estrangulando-os financeiramente.
Estes itens são por enquanto apenas uma "lista de desejos", mas não resta dúvidas que eventualmente eles ganharão a forma de novos projetos de lei a tramitarem no congresso norte-americano e no sistema legislativo de outros países.
Outro ponto é que é destacado no relatório é a intenção da indústria de continuar a processar grandes sites, uma ameaça que já está levando muitos sites a fecharem seus programas de afiliados e os serviços de compartilhamento de arquivos. A boa notícia é que pelo menos as desastradas ações contra usuários individuais (que de qualquer forma fizeram pouco estrago fora dos EUA) parecem ter terminado.
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