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[Claudio Novais]

Leis dessas é completamente absurdo. Não faz qualquer sentido.

Nos últimos anos tem-se visto muito (e isto é quase generalizado) uma deturpação completa do conceito de democracia. Aliás, arrisco-me a dizer que atualmente talvez o único país democrático seja a islândia.

De resto, vemos que os países democráticos não são. Os governos têm de estar a representar quem o elege e na verdade não é isso que acontece. No Brasil há inúmeras coisas claras que não deviam existir legalmente à imagem do que o povo ordena. Mas eu não sou a melhor pessoa para dizer isso visto que vivo no outro lado do Atlântico.

No entanto em Portugal, vê-se claramente que o governo não é a imagem do povo. Tenho a certeza que que a maioria, e bastante maioria mesmo, é da opinião de condenar um conjunto vasto de empresas público-privadas que fizeram contratos completamente anti-éticos com os governos. Por causa de muitos desses contratos Portugal está com uma dívida gigantesca. O que os políticos fazem? Dizem que não podem mudar os contratos e continuam a fazer mais contratos semelhantes.

Onde isto vai parar? Não sei, mas o certo é que os políticos não são a imagem de quem os elege. Algo que democraticamente devia ser uma obrigação.

[marcos.vargens]

Bonita esta história da Islândia, não havia lido a matéria, obrigado pelo link. Essa situação em que vivemos, me assusta muito. Confesso que quando ví a manifestação de aposentados e estudantes, juntos nas ruas da Grécia, um por perder a aposentadoria e o outro por não ter onde trabalhar, me deu frio na espinha. Foi uma cena chocante. Eu não conseguia parar de pensar no tamanho da irresponsabilidade desses governantes para deixar o berço da democracia chegar nessa situação. E não basta muito esforço para ver que "nossos políticos" fazem parte da mesma escola. Aqui o nosso monstro agora se chama "Inflação". E o governo parece tentar tapar o sol com a peneira, para um problema que está voltando e nos assombrou muito no passsado.

[Claudio Novais]

A inflação (derivada da moeda EURO) foi o a facada final nos países periféricos da europa, nomeadamente Portugal e Grécia.

Em todo o caso, mesmo com a inflação assim, o maior problema de Portugal foi as parcerias com empresas privadas, que obviamente roubaram quanto puderam e puseram Portugal com uma dívida enorme. Incriminar essas empresas? Nada. Na Grécia a situação foi semelhante mas em vez de ser uma elite de empresas a ganhar montes de dinheiro, era meio país com regalias do estado. Houve um célebre jardim de um hospital grego que tinha apenas 4 arbustos e estavam contratados 45, sim quarenta e cindo, jardineiros. E este problema era generalizado. Claro que deu o estouro.

Sobre o Brasil? O Brasil tem sorte em duas coisas: tem muita matéria prima que andam a explorar muito e portanto até médio prazo estão bem; vivem ainda uma vida (e não me interpretem mal) de terceiro mundo, em que há uma preocupação em viver uma vida e não uma preocupação em trabalhar para o capitalismo. Coisa que aqui em Portugal é muito assim e cada vez mais a cada ano que passa. As pessoas dantes saíam à rua. Agora cada vez mais vemos menos gente pelas ruas.

[marcos.vargens]

"...em que há uma preocupação em viver uma vida e não uma preocupação em trabalhar para o capitalismo. Coisa que aqui em Portugal é muito assim e cada vez mais a cada ano que passa. As pessoas dantes saíam à rua. Agora cada vez mais vemos menos gente pelas ruas."

Muita atenção nesse ponto Claudio. O Brasil é um País muito grande em termos de território. Muitas regiões sofrem pouca influência do capitalismo sobre a vida das pessoas, mas em compensação existem regiões onde isso é extremamente aplicado. Não se engane, o sudeste do país é totalmente capitalista. São Paulo por exemplo, que é a capital de negócios do País, tem todos esses problemas que você citou, com o agravante dos problemas de terceiro mundo. Transporte publico insuficiente, transito absurdo e o pior de todos, violência, que no momento se encontra fora de controle. Aqui o capitalismo tem do seu melhor e do seu pior em 100%.

Agora o fato das pessoas não saírem a rua eu não compreendi muito bem. Aí em Portugal não saem porque estão trabalhando? Mas nem uma cerveja com os amigos do trabalho sexta-feira a noite?
Aí não há cristo que aguente, morre de estresse antes da hora. Precisa tirar pelo menos um dia para falar mau dos chefes, professores, dos governantes. Falar das lindas mulheres, futebol, rir das piadas sem graça e das que tem graça, e por aí vai

[Claudio Novais]

Não é ninguém no seu sentido literal obviamente!

Isto foi no sentido comparativo. Dantes via-se muito mais as pessoas a saírem de casa, conviver. Agora talvez por causa das dezenas/centenas de canais de TV e principalmente por causa da Internet a coisa tem mudado um pouco. Para além disso, sim, as pessoas agora penso que dedicam mais tempo ao trabalho do que dantes, aliás acho que há estudos sobre isso. E para piorar, os combustíveis estão caros fazendo com que as pessoas pensem duas vezes em pegar no carro.

Claro que os cafés continuam com pessoas e os fins de semana são para descansar. Mas por exemplo, quando andava na Universidade, o primeiro que andei foi completamente diferente de 4 ou 5 anos depois, em que os cafés à noite estavam incomparavelmente mais vazios. Isto falando num intervalo de tempo curto e de há pouco tempo.

Mas se formos falar de há 15 ou 20 anos atrás, as pessoas acho que eram mais sociáveis. Havia talvez mais alegria de viver, agora parece-me algo mais comercial. Claro que muitas pessoas convivem e saem, mas o ambiente não está igual. E isso é muito também por culpa das redes sociais.

Cada vez mais as pessoas passam mais tempo sentadas a ver o mundo digital a passar à frente que a viver a vida real. Infelizmente eu próprio pertenço a esse grupo.

[marcos.vargens]

Não sei, concordo que se passa mais tempo no computador mas acho que é natural. É uma coisa a mais na vida moderna. Antes, quando não existia TV, ou saia a rua ou ficava fazendo filhos. Hoje se tem mais opções e ter filhos ficou bem mais caro. Mas as redes sociais tem seu papel de aproximar as pessoas e não de afastar. Eu acho que o motivo seja outro. Acredito que a questão financeira tenha muita influência. As coisas estão bem mais caras, com as facilidades da internet muita gente acaba não saindo mesmo. Eu mesmo compro muito pela internet, pois ou não acho o que quero, ou está mais caro que na web. Com exceção de roupa que eu prefiro provar antes de comprar, e supermercado, que aqui ainda não temos essa opção de compra. Mas o motivo principal, é o preço e a disponibilidade. Eu prefiro ir na loja, mas os gastos e tempo envolvidos acabam tornando a internet bem mais interessante.

[Claudio Novais]

Lá está, era nesse sentido de modernismo que estou a falar. Por exemplo ainda hoje me lembrei quando pus este vídeo aqui no Fórum. Eu pus sabe porquê? Porque é algo tremendamente raro ver-se aqui em Portugal e se calhar pelo resto da Europa.

Pelo contrário, videos deste tipo (não digo que seja literalmente a este nível de estupidez, diga-se) são comuns no Brasil. Eu acho que isso vem um pouco pela falta de uma vida mais moderna, de maior conhecimento geral que as tecnologias nos proporcionam.

Sinceramente, sinto vergonha alheia ao ver pessoas como a do vídeo referido. Mas por outro lado, quando vejo vídeos de pessoas simples a viverem no mundo rural afastado do movimento citadino, sinto uma inveja positiva, de que gostava de estar nessa posição. E esse tipo de pessoas sai à rua, vive a vida com a simplicidade da felicidade. E isso é o que tenho visto nos últimos 10, 15 anos cada vez a diminuir mais, pelo menos no "mundo" em que vivo olho para a janela e vejo isso.

[marcos.vargens]

Bom, que as pessoas mais ignorantes são mais felizes isto não tenha dúvida. Quanto mais simples a vida mais se vive ela. Infelizmente somos escravos do capitalismo nas cidades grandes, porque se não pagar as contas é despejado e vai morar na rua. Então tem que estudar, trabalhar, vencer na vida e etc. E essas obrigações dificilmente são prazerosas. Quanto menos tiver dela melhor. Mas como escapar disso?